Quarta-feira, 30 de Novembro de 2005
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" Lembro-me de quando era criança e via,
como hoje não posso ver,
a manhã a raiar sobre a cidade.
Ela não raiava para mim,
mas para a vida.
porque então eu,(não sendo consciente)
eu era a vida.
E via a manhã e tinha alegria.
Hoje vejo a manhã,tenho alegria,
e fico triste.
Eu vejo como via,
mas por trás dos olhos,vejo-me vendo.
E só com isso,se obscurece o sol,
o verde das árvores é velho,
e as flores murcham antes de aparecidas."
Fernando Pessoa
Aniversário
" No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga,até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha,
estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a familía,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças."
Álvaro de Campos
Passam hoje setenta anos sobre a morte de Fernando Pessoa.
Esta, é a minha simples homenagem, que quero partilhar com vocês.